quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uthred

O destino é inexorável. Talvez alguns já tenham lido esta frase várias vezes, proferidas por Uthred de Bebamburgh, ou Uthred Ragnarson. Parece ser a frase preferida do personagem que me carregou a reflexões sobre as circunstâncias e o tempo. Sobre as amarras da vida, muitas das quais nós mesmos damos os nós. Sobre o curso das coisas, que as vezes conseguimos antecipar, e que na maioria só percebemos depois, com olhar retrospectivo e impotente. Bernard Cornwell faz muitas coisas bem dentro de um livro, mas isso é ótimo nesta saga. O personagem preso ao seu tempo, às escolhas que faz em um mundo que não controla. Os laços que envolvem o personagem nestas escolhas, sempre limitando as mesmas e ocasionando renúncias.
Claro, no meio disso tudo, paredes de escudo, duelos e o sangue de combates com espadas contados de forma crua.
Espero ter feito justiça em relação ao título de uma postagem anterior, afinal ,Uthred não foi citado. Leiam o Livro, vale muito a pena, se é que é pena.
Fica uma crítica, ao contrário de "Em busca do Graal" e "Crônicas de Artur", este livro não é uma trilogia. Quando comecei o terceiro volume estava tranquilo e feliz por acreditar que finalmente Bafo de Serpente seria instrumento da vingança de Uthred. Não aguento mais a angústia para saber o fim desta saga.
Fica uma curiosidade morta. Abaixo coloco uma foto e uma imagem do Google Earth de Bebamburgh, atualmente chamada de Bamburgh.

Tempo é vapor


Layers of Clouds, upload feito originalmente por alsay.

O tempo não pode ser preso, escapa pelas frestas.


Agradeço a Beatriz por essa lembrança.

Mais sobre o tempo



Nem todo tempo é sólido.


Meu agradecimento à Salvador Dalí pela pintura.

Tempo de criança

Elas correm no tempo.

Tempo perdido


Wasting Time (Papiroflexia Time), upload feito originalmente por eℓ_rapsoda_mut.

Tempo de embarcar
Já navegar
Tempo de embarcou
Já navegou

Sobre o tempo


time spiral, upload feito originalmente por strange_wax.

Nem todo tempo é reto.

O destino é inexorável.

Ou algo assim. Talvez nem tanto destino, mas o tempo. Mais do que não pára, não tem volta. Talvez nem importe, afinal já foi.

Se importar, o que fazer?

Voltar no tempo não dá. Olhar pra trás, só por olhar, não conforta. Até entorta, por tudo que deixou de ser. Olhar pra trás, de forma diferente.

Olhar para o presente, que um dia vira passado. Isto, de certa forma, nos dá a possibilidade de controlar o passado.

Mas então vem outro problema. Afinal, não sabemos o futuro e não prevemos o olhar que teremos sobre o presente, que será passado.

Difícil fazer escolhas assim.

Confusão de dimensões temporais e impotência sem solução. É como disse Toquinho “O futuro é uma astronave que tentamos pilotar, não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar...” e um dia tudo isso descolorirá.

Pessoas perdem as cores, ações perdem as cores, vidas perdem as cores. Pintamos quando queremos, com as tintas que temos, mas nenhuma tinta dura.


"O mal definitivo é que o Tempo se esvai continuamente e que existir envolve eliminação. Tudo desaparece: alternativas excluem". John Gardner, Grendel.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Divina Comédia


Inferno

Quarto círculo.

Na chegada ao quarto círculo Dante avistou uma máquina, feita em metal, com janelas de vidro das quais saiam braços daqueles condenados. Para chegar à seu destino, este deveria ser o transporte utilizado. Mas antes de entrar, Dante esperou com aqueles que eternamente aguardam sua condução no local de embarque. Saramago explicou a Dante que estas almas são das pessoas que durante a vida, de alguma maneira, aguardaram pacientemente por serviços mal prestados. Entre estes tolerantes estava um senhor, Seu Jorge, que como todos, esperava. Começou uma conversa com Dante contando não entender sua situação, porque tanto sofrimento neste inferno já que durante a vida fora tão paciente. Dante ficou penalizado com tanta espera, já estava no ponto a mais de uma hora. Uma pessoa esboçou uma reclamação, Seu João prontamente retrucou, chamando o reclamante de chato e criador de caso. Alguns outros acompanharam Seu João fazendo troça com o pobre que ousou timidamente reclamar. Neste momento passou um ônibus, era a condução que deveria levar Seu João e todos os que o acompanharam reprimindo aquele que ousou não ter tanta boa vontade com a empresa responsável com este castigo infernal. Fizeram sinal, como quem chama o transporte, e este passou direto. É o castigo dos que são mais do que pacientes, dos que reprimem o descontentamento latente com maus serviços, contou o guia de nosso herói.