A vida realmente é coisa interessante com suas idas e vindas. Os rumos vão seguindo sem que percebamos, muitas vezes causando sensação de impotência quando nos encontramos em determinados lugares. Perguntamos “como cheguei aqui?” como se andassemos de olhos fechados, guiados por alguém responsável por nossa posição. Outras vezes percebemos como chegamos, mas não queremos olhar pra trás e ver, de forma crua, o caminho percorrido por nossa própria vontade. Tem também os momentos em que fazemos nossas escolhas no caminhar, de forma assumida. Notamos o que é deliberado. De toda forma, as possibilidades não nos evitam sofrimento, tempos de desagrado e a ausência. Em algumas trilhas, não importa como pisemos, que tênis calçamos, isso é o que temos, dor.
Os caminhos podem passar pelas mesmas paisagens, trazendo recordações de lugares visitados. Cidades, momentos, pessoas, coisas que constituem a paisagem da vida. Parece um trajeto circular, que não é. Um sentimento de familiaridade conforta enquanto andamos, afinal, bem melhor andar em terreno conhecido, mesmo que difícil.
Tentamos seguir, em frente ou pro lado, tentamos seguir. Traçamos nosso trajeto e, passo a passo, avançamos. Desviamos de árvores, e, uma a uma, saimos do plano. Por isso nunca temos certeza de onde estaremos amanhã, sabemos das árvores. Pra não falar de riachos e até montanhas que resolvemos contornar para chegar onde queremos.
Pode acontecer de chegarmos e então aparecer a pergunta “O que vim fazer aqui?”. Dá vontade de andar de costas, o que gera tropeços. Ficamos perdidos em um ponto em que nada parece fazer sentido, mas o caminho já foi andado.
Desta vez não tem imagem. Por que? Porque não quis. Imaginem, cada um, seus próprios caminhos. Percorram, em imaginação, por onde quiserem. Minhas imagens de caminhos não poderão se comparar.
2 comentários:
Belíssimo texto e lindas imagens construídas com palavras.
Também acho que voltar a lugares familiares não é andar em círculos, pq cada vez é diferente.
E penso também que não há caminhos pré-trilhados. O que existe é a caminhada.
O triste é que às vezes perdemos companheiros de caminho. Mas outras vezes, podemos resgatá-los lá na frente e então descobrir que apenas o caminhar foi diferente, os percursos, os desvios...Como só a morte encerra a caminhada, reencontros sempre existem enquanto possibilidades.
Eu queria te dar um presente diferente. Eu queria te presentear com as palavras de um poeta:
"Não tenho um caminho novo. O que eu tenho de novo é um jeito de caminhar".
Thiago de Melo.
Fique bem.
Beijos.
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