Eu queria portas. Portas abertas. Passagens. Não encontrei imagem boa que me servisse. Apenas muitas portas, geralmente fechadas. Queria portas de escola, deviam estar abertas. E este texto deveria ser sobre outra coisa. Escravidão, pessoas transformadas em coisa, objetos. No fundo acho que ainda vai ser.
Coisa é como os pequenos são tratados. Li esta semana texto do Rubem Alves sobre as crianças que não existem, são todos adultos potenciais, futuros produtores de algo. O que vão ser quando crescerem, esta é a questão que guia a educação, de modo que é estranho pensar no que são neste exato momento. São inúteis, não servem, só sabem pensar em diversão, brincadeiras e coisas prazerosas, e cabe a nós, profissionais da “educação”, estirpar a criança e fazer aparecer o adulto produtivo. Temos tempo para isso, doze anos. Autoridade também nos é dada, podemos classificar quantitativamente (ninguém questiona os números) aqueles mais ou menos capacitados. Os pais adoram isso, pedem para que classifiquemos, confiam naqueles que classificam - prova toda a semana, essa escola é forte – e castigam os classificados.
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Os professores reclamam: o salário é ruim; os alunos não são bons; ninguém me valoriza. Querem atenção, são egocêntricos. Alguns, bem-sucedidos no egocentrismo, conseguem reconhecimeto, acredito que mais como showmans do que como educadores.
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Experiência inestimável, como educador, é corrigir caderno de criança. Como coisa de momento, é fantástico ver como eles percebem o que trabalhamos. Sem contar as coisas que aparecem, desenhos, adesivos e outras coisas que povoam o mundo em que vivem. Como coisa temporal, é bonito acompanhar o crescimento, a aprendizagem, as mudanças ocorridas ao longo do tempo em que convivemos.
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Quem chegou até aqui neste post não deve ter sido com muita alegria. Não é um quadro feliz e povoa memória de momentos desagradáveis pelos quais passamos, aos quais muitos pais submetem seus filhos, o que ainda acontece nas escolas. Mas minha mensagem não é de desesperança. Podemos ver nessas pessoas de pouca idade pessoas agora, não futuras. Podemos abrir as portas para que passem, olhem, apreciem e continuem a andar.
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Faço minha propaganda. Venham para o GAIA, gostamos de gente feliz.
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Faço aqui um adendo. Procurei uma imagem de portas abertas e não achei. Felizmente, com ajuda da Bia, agora tenho uma imagem que preste a uma figuração de minha idéia.
Um comentário:
Muito triste isso. A criança não tem mais o direito de ser criança. Bom, pelo menos não de ser criança como nós fomos. Ser criança hoje é pensar desde muito pequeno o que é que se vai ser quando crescer. De modo que o que está sempre jogo é o crescer e o que ela vai se tornar.
Isso me lembra muito a expressão "ser alguém na vida", tão impregnada por um forte conceito de produtividade. Ser alguém é, antes de mais nada, ser capaz de produzir e gerar riquezas.
Coloque aí o nome do texto do Rubem Alves que despertou essa escrita.
Beijos.
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