Notas sobre blogosfera e identidade.
Há alguns dias surgiu para a mim a questão dos blogs e sua relação com identidade. Ocorreu durante uma conversa, via msn, e acabou descambando para outra questão, aquilo que Bauman chamou de relacionamentos líquidos. Misturamos no debate a valoração das relações virtuais, baseadas em avatares digitais de todos os tipos, até mesmo os de msn que usávamos naquele momento. Mas tudo estava saindo de maneira meio confusa, misturada, pelo menos é o que me parece agora. No final ficou aberta a pergunta sobre ser ou não boa a intermediação feita pelo mundo virtual.
Refletindo, tentei separar em partes o que debatemos, na forma que já esbocei acima. A separação me serviu para responder a pergunta, pois vejo valores diferentes nestas partes.
Escrevo aqui sobre a primeira das questões, blogosfera e identidade, mas com um tom axiológico.
A criação de blogs e perfis em comunidades virtuais passa pela busca de identidades, um também que possibilite ao indivíduo se definir e localizar socialmente. Características compartilhadas e que podem ser expostas democraticamente, desde que se tenha acesso à rede, sem imposição de limites ou controle, aparecem. Vale tudo, religião, esportes, até o que é considerado ilegal, imoral e ilegítimo encontram espaço na internet. As instituições, como o Estado, apesar das tentativas, não controlam as informações que atravessam a rede, de uma máquina para outra. A internet está nas mãos do povo, é o verdadeiro governo do povo. Talvez, entre todas as comunidades que usam a internet na busca de identidade, a dos nerds tenha sido a mais beneficiada.
Aquele que se expõe na internet o faz virtualmente, se quiser, pode se proteger no anonimato. Mas, mesmo que não seja dessa maneira, existe uma proteção dada pelo espaço que separa o mundo virtual do mundo palpável que chamamos de real. Assim, aqueles que poderiam ser de alguma forma perseguidos, não o são. Os tímidos têm seu lugar onde não precisam mostrar-se. As idéias circulam independentemente dos rostos que as propagam, são mais importantes do que os corpos, mesmo quando são referentes a estes. Não existe vergonha na internet. Gordinhos que na rua poderiam ser apontados como fora de forma (mas de que forma?), virtualmente podem ter seu público, encontrar seus iguais em idéias sem que dedos virem em suas direções, definindo-os com identidades impostas, muitas vezes pejorativas.
Não quero com isto dizer que estes dois universos, o “real” e o virtual, não têm contato. Pouco tempo atrás fui a um encontro de trocadores de figurinhas, colecionadores de álbuns. Todos ali se conheceram pela internet, através de um fórum. Era um evento “real” baseado em relações virtuais, no qual todos se identificavam pela paixão aos álbuns. Havia os mais experientes nestes eventos sociais que solicitamente ajudavam os calouros (eu). A experiência foi interessante, todos foram muito simpáticos e o contato virtual prévio realmente teve reflexos positivos. Em outra escala, a Campus Party faz a mesma coisa, une pessoas ligadas pelo mundo virtual. Lembro de um amigo que, ao assistir ao filme 300, presenciou uma flash mob. De repente, uma grande quantidade de pessoas gritou, ao mesmo tempo, quando o filme estava para começar “This is Sparta”.
Refletindo, tentei separar em partes o que debatemos, na forma que já esbocei acima. A separação me serviu para responder a pergunta, pois vejo valores diferentes nestas partes.
Escrevo aqui sobre a primeira das questões, blogosfera e identidade, mas com um tom axiológico.
A criação de blogs e perfis em comunidades virtuais passa pela busca de identidades, um também que possibilite ao indivíduo se definir e localizar socialmente. Características compartilhadas e que podem ser expostas democraticamente, desde que se tenha acesso à rede, sem imposição de limites ou controle, aparecem. Vale tudo, religião, esportes, até o que é considerado ilegal, imoral e ilegítimo encontram espaço na internet. As instituições, como o Estado, apesar das tentativas, não controlam as informações que atravessam a rede, de uma máquina para outra. A internet está nas mãos do povo, é o verdadeiro governo do povo. Talvez, entre todas as comunidades que usam a internet na busca de identidade, a dos nerds tenha sido a mais beneficiada.
Aquele que se expõe na internet o faz virtualmente, se quiser, pode se proteger no anonimato. Mas, mesmo que não seja dessa maneira, existe uma proteção dada pelo espaço que separa o mundo virtual do mundo palpável que chamamos de real. Assim, aqueles que poderiam ser de alguma forma perseguidos, não o são. Os tímidos têm seu lugar onde não precisam mostrar-se. As idéias circulam independentemente dos rostos que as propagam, são mais importantes do que os corpos, mesmo quando são referentes a estes. Não existe vergonha na internet. Gordinhos que na rua poderiam ser apontados como fora de forma (mas de que forma?), virtualmente podem ter seu público, encontrar seus iguais em idéias sem que dedos virem em suas direções, definindo-os com identidades impostas, muitas vezes pejorativas.
Não quero com isto dizer que estes dois universos, o “real” e o virtual, não têm contato. Pouco tempo atrás fui a um encontro de trocadores de figurinhas, colecionadores de álbuns. Todos ali se conheceram pela internet, através de um fórum. Era um evento “real” baseado em relações virtuais, no qual todos se identificavam pela paixão aos álbuns. Havia os mais experientes nestes eventos sociais que solicitamente ajudavam os calouros (eu). A experiência foi interessante, todos foram muito simpáticos e o contato virtual prévio realmente teve reflexos positivos. Em outra escala, a Campus Party faz a mesma coisa, une pessoas ligadas pelo mundo virtual. Lembro de um amigo que, ao assistir ao filme 300, presenciou uma flash mob. De repente, uma grande quantidade de pessoas gritou, ao mesmo tempo, quando o filme estava para começar “This is Sparta”.
Continua...
Bruno Castro, 01 de março de 2009.
Um comentário:
Gostei da idéia de também. De colocar os avatares virtuais como um "também" de nossa identidade. Bem pensado.
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