Abracemos nossos irmãos mexicanos. Não só porque nos deram o Chaves. Não só por Zapata. Abracemos logo, pois se pegarmos antes a gripe suína (ou seja lá como a chamaram para não prejudicar a venda de carne), talvez possamos ter um atendimento médico aceitável dentro do quadro absurdo em que se encontra a rede de sáude brasileira.
Segundo especialistas, a tal gripe vai atingir 100% da população. É apenas uma questão de tempo para isso acontecer. O vírus espalha-se pelo ar, de forma rápida. O doente precisa ficar internado, sob cuidados médicos. Em casa, o risco de morte é maior. Fiz uma rápida pesquisa pelo site do IBGE para ter uma idéia melhor do que isso pode representar em minha cidade. Existem 2534 leitos em Niterói, destes, 1024 estão na rede pública de saúde e 722 na rede particular atendendo pelo SUS. O restante das vagas, só pagando. O município possui 474 mil habitantes. Divisão rápida com ajuda, são 187 pessoas para cada leito. Caso a gripe realmente se alastre teremos problemas amplificados com uma rede hospitalar insuficiente. Claro, nem todos vão adoecer ao mesmo tempo, porem somos forçados a lembrar que nossos suinamente gripados compartilharão leitos com vários outros internados. Atualmente, sem pandemia, está dificil arrumar vaga em hospital nesta cidade, mesmo pagando por isso.
Niterói não é boa medida para o Brasil, claro. Estamos entre as cidades com maior IDH do país. Então Sebastião, vamos fazer os cálculos para a cidade vizinha, São Gonçalo, mais pobre e populosa que Niterói. Com uma população de 960.631 pessoas e 1991 leitos a relaçao é de 482,5 pessoas por leito. A situação é mais complicada ainda em Maricá, outra cidade contígua, são 1012 pessoas por leito. A coisa não muda nos outros municípios ao redor de Niterói, até mesmo a capital conta com um leito para 209 habitantes. Caso chegue mesmo a pandemia, teremos problemas.
Caso não chegue gripe alguma, ainda temos um grande problema. Não há vagas que cheguem para os cidadãos do estado do Rio de Janeiro. Duvido que seja diferente em outros estados, São Paulo (capital) tem um leito por 469 viventes. Em Brasília? 494 por um. Não é a toa que as notícias sobre pessoas atentidas em corredores de hospitais são comuns. Nossa rede de atendimento não é capaz de suportar o cotidiano de atendimentos, não é necessário que eventuais emergências exponham suas deficiências. Isso falando unicamente sobre a capacidade de atendimento do sistema, não tocamos no assunto qualidade de atendimento ou prevenção de doenças.
Por isso defendo um programa de contágio planejado, com senhas, para que possamos dividir, ao longo do tempo, os pacientes, de forma que fique distribuída a quantidade de pessoas atendidas por mês, sem confusão. Caso não topem minha proposta, vou correr e abraçar todas as mexicanas que encontrar pela frente, um ato de solidariedade, na esperança de compartilhar, também, o Influenza A (H1N1). Os primeiros infectados recebem tratamento especial.
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Enquanto escrevi este post o Ministério da Saúde confirmou os primeiros casos da gripe no Brasil.
2 comentários:
Gostei do post. Valeu a pena esperar o seu retorno ao blog. :)
Estamos diante de uma situação preocupante e não sei se é exagero das autoridades falar em contaminação em larga escala. A saúde pública anda agonizando, e não só aqui no Brasil. A indústria farmacêutica tem muito interesse em ganhar em tempos como esse. Sei não, mas sinto que temos muitos motivos para nos preocupar, a tirar pelas informações que vc mesmo forneceu, sobre a falta de estrutura do nosso sistema público de saúde.
Apesar do tom alarmista, continuo levando minha vida normal, sem máscaras (por enquanto), sem mudar a rotina. Até quando? Até a paranóia me pegar...:/
Boa ideia de contágio por senha! Vou seguir seu blog, sou do Gaia, do 9º ano; escrevi pro blog da turma. abraços.
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