terça-feira, 6 de abril de 2010

Testamentos e autodeterminação dos povos.

falklands

Mais uma vez o governo argentino fortalece suas reivindicações por direitos de propriedade sobre o arquipélago das Falklands. A ONU intermedia a disputa, que segue sem solução. A descoberta de petróleo e gás natural movimenta o recente aquecimento da questão.

Não que os argentinos tenham perguntado, mas os menos de dois mil moradores das ilhas consideram-se britânicos e assim pretendem continuar.

zanotelli2

Houve tempo em que Portugal e Espanha acharam por bem dividir suas possessões pelo mundo (inclusive as que nem sabiam que tinham). Chamaram o Papa, afinal, quem mais autoridade teria para tamanha responsabilidade? Por duas vezes a partilha foi feita, sendo a primeira chamada Bula Intercoetera, “entre outros”, assinada em 1493, um ano após a chegada de Colombo à América. A “Capitulación de la partición del mar Oceano”, em 1492, foi a segunda, ou se preferirmos, podemos chamá-la apenas de Tratado de Tordesilhas.

…“a nós apraz pelo grande amor de amizade que entre todos nós existe, e para se buscar, procurar e conservar maior paz e mais firme concórdia e sossego, que o mar em que as ditas ilhas estão e forem achadas, se parte e demarque, entre nós todos de alguma boa e certa, e limitada maneira (…) que se trace e assinale pelo dito mar Oceano uma raia ou linha direta de pólo a pólo”…

Tratado de Tordesilhas, 7 de junho de 1494.

Sem saber que ocupavam terras de europeus, gente vivia pela América.

O testamento que ninguém viu foi cobrado. Ingleses, holandeses, franceses e outros queriam sua parte. Sem razões para respeitar acordo do qual não participaram, sempre que possível, tomavam terra aqui, terra alí.

No século XVI, franceses chegaram a América “dos portugueses”. Ficaram por dois anos antes de serem expulsos. Pouco tempo depois, já estavam apoiando os povos reunidos na Confederação dos Tamoios, contra o império português. Buscavam um espaço nestas terras.

Em 1624, com o mesmo intuito, holandeses invadiram Salvador. Derrotados, tentaram de novo em 1630, desta vez mais acima, em Pernambuco. Vitoriosos, permaneceram no nordeste até 1654, quando foram definitivamente retirados do que Portugal tomava como seu domínio.

Do que cabia aos espanhóis, a Inglaterra ficou com boa parte da América do Norte e uma ilhota na América do Sul. Em nenhum dos casos foram expulsos pelo império espanhol, mas a ilha foi abandonada pelos britânicos, ocupada por franceses e devolvida à Espanha. Outra boa parte foi perdida para o próprio império português, antigo parceiro de tratados, que aos poucos foi expandindo seus domínios para além do Tratado de Tordesilhas.

O ímpeto imperialista inglês aumentou no século XIX. Agora potência industrial e militar, tomou terras pelo mundo, inclusive uma pequena ilha no Atlântico Sul, pertencente à Argentina. A ilha já havia sido ocupada por ingleses que, financiados pelo Visconde de Falkland, tomaram-na dos espanhóis no século XVII; logo depois abandonaram a conquista.

Abandonada estava o arquipélago no em 1833, tempo da segunda invasão. Abandonado e sem riquezas naturais, como sempre foi, até a recente descoberta de petróleo nas proximidades. Mesmo assim os ingleses ficaram de vez.

539461510_cd08d7fb96_o

Em 1966, 18 argentinos imbuídos de espírito naciolista, planejaram sequestrar um avião de carreira, seguir até a casa do governador britânico e exigir a devolução das ilhas. Tudo feito, foram expulsos sa casa, renderam-se e voltaram à Argentina. Ao juiz disseram: “Fui às Malvinas reafirmar nossa soberania.” O nome que deram à aventura? Operação Condor.

falklandDM0104_468x337

Leopoldo Galtieri, ditador argentino, achou por bem retomar as Malvinas. Seu plano, ocupar um território desguarnecido pelo Reino Unido. Almejava envolver a opinião pública em torno de uma disputa nacionalista, tendo o estado ditatorial como defensor da nação, em um momento de crise econômica. Contava ainda com dois fatores: a crença em que o Reino Unido não se daria ao trabalho de defender uma possessão tão distante; a suposição que o governo americano apoiaria a invasão, devido as relações entre os governos ditatoriais argentinos e os EUA.

O nacionalismo funcionou, mas o resto deu errado. A força militar britânica revidou e o governo americano apoiou seu aliado histórico, a Inglaterra. No mesmo ano as tropas argentinas se retiravam das Falklands, após uma derrota contabilizando 649 baixas.

O testamento: entre os descontentes com a partilha do mundo no século XV, ficou a pergunta sobre o testamento deixado por Deus, deixando Portugal e Espanha como herdeiros do mundo.

A autodeterminação dos povos é idéia nova, rege a constituição entre várias nações. Por ela entendemos que cada povo tem o direito de ditar seus rumos, sem interferência externa.

Leia também o Piplomassinha, sobre as Falklands.

Um comentário:

Ivan Di Simoni disse...

Adorei o texto tá bem fácil de entender mas encontrei uns erros de digitação pra vc consertar.

Abandonada estava o arquipélago no em 1833,

foram expulsos sa casa,

coloca também no link pro meu blog que eu estou falando dos fatos recentes, olha como eu coloquei o link pro seu pra vc entender.