sábado, 28 de março de 2009

Muros

china wall

Aos duzentos e vinte anos antes de Cristo, aproximadamente, os chineses começaram a construir sua grande muralha. Com o passar dos séculos, esta se tormou a maior de todas as muralhas do mundo. Mongóis que deveriam ser parados não o foram. Hoje a China não teme invasões. Muralha da China, 220 a.C.-.

adrian wall

A Inglaterra conta com uma muralha, atravessando a ilha, próxima a fronteira com a Escócia. Foi construída por Adriano (76-138), imperador Romano, no século II. Sua intensão era proteger a fronteira de um império grande demais contra os povos “bárbaros”, pictos e escotos. O império recuou, os “barbaros” entraram e por sua vez, foram invadidos pela fé cristã de uma igreja romana para a qual não houve barreira. Muralha de Adriano, século II-.

berlin wall

Terminada a Segunda Guerra Mundial, URSS, EUA, Inglaterra e França dividiram a Alemanha derrotada em territórios controlados. Três territórios ocupados por forças capitalistas, um socialista. Resultado, 65 quilômetros de muro dividindo a capital alemã, famílias, amigos, pessoas mortas e uma festa quando a marreta o derrubou. Muro de Berlim, 1961-1989.

ghetto wall

Os judeus guardam duas histórias interessantes com os muros. Na primeira, estes serviram para isolá-los em guetos na alemanha nazista. Os guetos eram a materialização espacial de uma condição que não permitia a judeus ocupar cargos públicos ou casar com quem entendessem. Estes muros tiveram uma variante, as cercas dos campos de concentração, onde judeus não só eram isolados, mas também exterminados.

cisjordania wall

A segunda história coloca os judeus em um papel diferente da primeira. Em 2002 o governo de Isral começou a construção de um muro isolando a Cisjordânia, ocupada por muçulmanos. Por décadas seguidas a região é palco de guerras entre estes e os judeus. A obra ainda não está terminada, ao final terá 721 Km de extensão e terá roubado 10% do território da Cisjordânia para Israel. A construção, condenada pelo tribunal da ONU, prossegue. Murro da Cisjordânia, 2002-.

favela04

Começou o cercamento de favelas no Rio de Janeiro. Com o pretexto de preservar as matas da cidade o governo começou a construir muros em limites de favelas. A medida não afeta o crescimento de condomínios com terrenos caros, que da mesma forma ocupam territórios a ser preservados. Ao que parece, querem impedir o avanço de pessoas pobres sobre a natureza, ou sobre qualquer coisa.

favela01

O município do Rio de Janeiro possui défcit habitacional acima de 500.000 domicílios e crescimento demográfico de 1,3% ao ano. Temos uma das maiores desigualdades sociais do mundo, o que coloca parte considerável da população impossibilitada de ter acesso a terra por meio convencional, a compra. Buscamos uma solução para o problema construíndo muros, afinal, quem sabe assim as pessoas não param com a mania de morar em algum lugar.

favela02

Uma questão semântica. Segundo jornalista do jornal O Globo "o investimento será de 40 milhões de reais". Não sei quantas casas podem representar este dinheiro, que é nosso, nem foi isso o que mais me chamou atenção, a primeira vista. Rápidamente arruma-se desculpas técnicas, com discursos bem amarrados, baseados em sei lá o que, para justificar este gasto. Mas investimento? Como assim?

Vejo um mundo em que cidadãos, habitantes de áreas pobres, não derrubarão muros contruídos pelo Estado para impedir o seu avanço… Ops! Acho que dormi. Imagino o muro poupando dinheiro do cidadão, afinal, uma parede já está pronta, só faltam três para morar. Segundo os técnicos é de concreto, deve valorizar o imóvel.

favela03

No caso acima, podemos colocar fiscais armados (polícia, ou quem sabe o exército) que garantam o respeito a obra pública. A pressão sendo muita, resta a opção de diminuí-la reduzindo a população habitante de áreas irregulares com crescimento desordenado (favelas), alguns projetos do gênero foram aplicados eficasmente na Alemanha. Podemos contar com o aval da igreja de Adolf Hatzinger nesta iniciativa.

Alguém pensou em distribuição de renda???

Heil Cabral! Finalmente temos nosso muro.

domingo, 22 de março de 2009

Gente coisa


Ser criança - Vila Velha, upload feito originalmente por Priscilla Buhr.

Eu queria portas. Portas abertas. Passagens. Não encontrei imagem boa que me servisse. Apenas muitas portas, geralmente fechadas. Queria portas de escola, deviam estar abertas. E este texto deveria ser sobre outra coisa. Escravidão, pessoas transformadas em coisa, objetos. No fundo acho que ainda vai ser.

Coisa é como os pequenos são tratados. Li esta semana texto do Rubem Alves sobre as crianças que não existem, são todos adultos potenciais, futuros produtores de algo. O que vão ser quando crescerem, esta é a questão que guia a educação, de modo que é estranho pensar no que são neste exato momento. São inúteis, não servem, só sabem pensar em diversão, brincadeiras e coisas prazerosas, e cabe a nós, profissionais da “educação”, estirpar a criança e fazer aparecer o adulto produtivo. Temos tempo para isso, doze anos. Autoridade também nos é dada, podemos classificar quantitativamente (ninguém questiona os números) aqueles mais ou menos capacitados. Os pais adoram isso, pedem para que classifiquemos, confiam naqueles que classificam - prova toda a semana, essa escola é forte – e castigam os classificados.



Os professores reclamam: o salário é ruim; os alunos não são bons; ninguém me valoriza. Querem atenção, são egocêntricos. Alguns, bem-sucedidos no egocentrismo, conseguem reconhecimeto, acredito que mais como showmans do que como educadores.



Experiência inestimável, como educador, é corrigir caderno de criança. Como coisa de momento, é fantástico ver como eles percebem o que trabalhamos. Sem contar as coisas que aparecem, desenhos, adesivos e outras coisas que povoam o mundo em que vivem. Como coisa temporal, é bonito acompanhar o crescimento, a aprendizagem, as mudanças ocorridas ao longo do tempo em que convivemos.


Quem chegou até aqui neste post não deve ter sido com muita alegria. Não é um quadro feliz e povoa memória de momentos desagradáveis pelos quais passamos, aos quais muitos pais submetem seus filhos, o que ainda acontece nas escolas. Mas minha mensagem não é de desesperança. Podemos ver nessas pessoas de pouca idade pessoas agora, não futuras. Podemos abrir as portas para que passem, olhem, apreciem e continuem a andar.



Faço minha propaganda. Venham para o GAIA, gostamos de gente feliz.

...

Faço aqui um adendo. Procurei uma imagem de portas abertas e não achei. Felizmente, com ajuda da Bia, agora tenho uma imagem que preste a uma figuração de minha idéia.

quinta-feira, 12 de março de 2009

O que mais fizeram com o hífen?

Alguns dias atrás me deparei com a questão do hífen na nova ortografia reformada. Nada entendi, o que tinham feito com o hífen. Me diverti escrevendo um post que gostei. Então veio a Beatriz e tranformou o que eu fiz em algo mais legal. O hífen virou coisa mais divertida. Obrigado Bia.

“• Obrigatório quando prefixo está diante de uma palavra iniciada pela letra H, não importando a letra que termine o prefixo: “o SUPER-HOMEM é muito ANTI-HIGIÊNICO: nem toma banho antes de trocar a roupa pelo uniforme com o qual pratica seus atos SOBRE-HUMANOS!”
• Nunca quando o prefixo termina em vogal diferente do segundo elemento, se este também começar com uma vogal: “tal comportamento de nosso herói é muito ANTIEDUCATIVO!”
• Se no caso acima o prefixo for CO e o segundo termo começar com O o hífen cai assim mesmo, nos dando como resultado COOalgumacoisa: “se ele pelo menos usasse perfume, eu até poderia COOPERAR nas missões.”
• Nunca quando o prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com consoante, desde que não sejam R nem S: “está certo que tudo pode não passar de uma tática de AUTOPROTEÇÃO: fedido, quem vai ousar chegar perto dele?”
• Se o prefixo termina em vogal e o segundo termo for iniciado por S ou R basta suprimirmos o hífen e repetirmos o R ou S (o que for adequado ao caso): “se bem que, para mim, isso é coisa de gente ANTISSOCIAL, que se acha ULTRARRESISTENTE. Bom, ele até pode ser, mas tem a criptonita...”
• Caso o prefixo termine com a mesma vogal que inicia o segundo termo o hífen continua, desde que se guarde a exceção COO, já comentada acima: “acho que ele deveria praticar um pouco de AUTO-OBSEVAÇÃO. Na certa, iria perceber que CONTRA-ATACAR os inimigos não requer deixar de lado os hábitos mais elementares de higiene.”
• Sempre se o prefixo tiver como última letra a mesma consoante que inicia o segundo termo: “Está na cara que ele não é SUPER-ROMÂNTICO!”
• Nunca se o prefixo terminar em uma consoante diferente à que inicia o segundo termo: “Mas ninguém pode negar que seja SUPERPROTETOR.”
• Contrariando a regra acima, sempre que o prefixo for SUB e o segundo termo começar com a letra R o hífen fica onde sempre esteve: “deve ser porque ele acha que pertencemos a uma SUB-RAÇA e que necessitamos de sua proteção incondicional.”
• Novamente contrariando a regra, se o prefixo for CIRCUM ou PAN e o segundo termo começar com M ou N também colocaremos o hífen: “ouvi dizer que ele é perito em CIRCUM-NAVEGAÇÃO ao redor da Terra. Quando cansa de voar, ele navega...”
• Sempre que o segundo termo começar com uma vogal e o prefixo for CIRCUM ou PAN o hífen deve separá-los: “No PAN-AMERICANO, acho que o vi voando pelos ares, zelando pra que nada saísse errado.”
• Nunca se o prefixo terminar em consoante e o segundo termo começar com uma vogal: “e ele faz tudo isso por ser SUPEREXIGENTE consigo mesmo.”
• Os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró sempre são sucedidos por um hífen: “Mas tem uma coisa capaz de mandá-lo para ALÉM-TÚMULO, uma coisa que apenas mencionamos antes: criptonita.”
• Deve-se usar o hífen com todos os prefixos de origem tupi-guarani (caso a origem seja em algum outro tronco linguístico dos povos pré-cabralinos ligue para a Academia Brasileira de Letras). “Só existe uma planta capaz de neutralizar os seus efeitos no corpo de nosso herói: o CAPIM-AÇU.”
• Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares: “Para encontrar essa iguaria, somente cruzando a ponte RIO-NITERÓI.”
• No caso das palavras que perderam a noção de composição o hífen não deve ser usado: “ou ele pode sobrevoar o país e descer de PARAQUEDAS quando chegar.”
• Caso sua composição não caiba em uma linha e você precise passar para outra justamente na hora em que for usar uma combinação com hífen deve-se colocar o traço que separa as palavras no final da linha. Na próxima linha o hífen será colocado para manter a clareza gráfica: “E é aqui que nossa história termina, pois neste exato momento, CONTA-
-SE que ele foi viajar, certamente atrás da planta que pode curá-lo.”

11 de Março de 2009 19:34

terça-feira, 10 de março de 2009

Divina Comédia

beatriz copy

Estavam numa roda de bar, os três amigos, e discutiam sobre a vida de Dante. Cachaça ne mesa, um dizia “O cara passou o inferno” e os outros concordavam. “Como era mesmo o nome do cara que ajudou?” outro perguntava. De forma desorganizada, garrafa esvaziando, vão lembrando dos acontecimentos.

“Foi a Beatriz” disse João. Como assim Beatriz? Os outros não entenderam. “Me disseram que Beatriz soube de Dante, que ele tava perdido, meio perturbado” e continuou “ela ligou praquele cara, como é mesmo o nome?” Caio Cesar achava que era Dejair e disse “Dejair, era esse o nome”. A memória é coisa meio ruim, atrapalhada pela cachaça não melhora e Saramago virou Dejair para aqueles três. “Então, Beatriz ligou, ela não podia ir lá, então ligou e o Dejair foi ajudar. Quem me disse foi a própria Maria, ela que viu Dante na rua e contou pra Beatriz”

Aos trinta e três anos Dante se encontra diante de um grande dilema. Seu caminho estava barrado. Dante pensa então em parar, desistir de sua caminhada pela estrada que não conhecia, e nem sabia onde iria parar. Por que enfrentar os perigos de qualquer caminho por algo desconhecido. Por que continuar se depois de tanta caminhada tinha apenas o rumo entravado por bestas?

Dante, em suas dúvidas avistou um homem. Reconheceu Saramago, que vinha a pedido de Beatriz, informada por Maria.

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Fica a minha homenagem (atrasada) às mulheres que aparecem, intercedem, ou que simplesmente existem, mesmo que muitas vezes não devidamente reconhecidas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O que fizeram com o hífen?


Um operário em construção, upload feito originalmente por Cida Garcia.

A reforma ortográfica teria sido um grande problema para mim, caso eu soubesse escrever decentemente. Como nunca soube e provavelmente nunca saberei, observo à distância quem se esforça para ficar dentro das regras.
Segundo o guia PRÁTICO Michaelis da reforma o hífen fica da seguinte maneira:

  • Obrigatório quando prefixo está diante de uma palavra iniciada pela letra H, não importando a letra que termine o prefixo
  • Nunca quando o prefixo termina em vogal diferente do segundo elemento, se este também começar com uma vogal
  • Se no caso acima o prefixo for CO e o segundo termo começar com O o hífen cai assim mesmo, nos dando como resultado COOalgumacoisa
  • Nunca quando o prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com consoante, desde que não sejam R nem S
  • Se o prefixo termina em vogal e o segundo termo for iniciado por S ou R basta suprimirmos o hífen e repetirmos o R ou S (o que for adequado ao caso)
  • Caso o prefixo termine com a mesma vogal que inicia o segundo termo o hífen continua, desde que se guarde a exceção COO, já comentada acima
  • Sempre se o prefixo tiver como última letra a mesma consoante que inicia o segundo termo
  • Nunca se o prefixo terminar em uma consoante diferente à que inicia o segundo termo
  • Contrariando a regra acima, sempre que o prefixo for SUB e o segundo termo começar com a letra R o hífen fica onde sempre esteve
  • Novamente contrariando a regra, se o prefixo for CIRCUM ou PAN e o segundo termo começar com M ou N também colocaremos o hífen
  • Sempre que o segundo termo começar com uma vogal e o prefixo for CIRCUM ou PAN o hífen deve separá-los
  • Nunca se o prefixo terminar em consoante e o segundo termo começar com uma vogal
  • Os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró sempre são sucedidos por um hífen
  • Deve-se usar o hífen com todos os prefixos de origem tupi-guarani (caso a origem seja em algum outro tronco linguístico dos povos pré-cabralinos ligue para a Academia Brasileira de Letras)
  • Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares
  • No caso das palavras que perderam a noção de composição o hífen não deve ser usado
  • Caso sua composição não caiba em uma linha e você precise passar para outra justamente na hora em que for usar uma combinação com hífen deve-se colocar o traço que separa as palavras no final da linha. Na próxima linha o hífen será colocado para manter a clareza gráfica


Simples como ser feliz.
Mas ainda não sei o que fazer com ar-condicionado (arcondicionado).

terça-feira, 3 de março de 2009

Blogosfera e identidade Parte II


DNA do entaosebastiao, upload feito originalmente por castro_bruno2000. Faça o DNA de blog em Webpages as Graphs
Voltemos à proteção dada pela rede àqueles que buscam identidade. Eu me reconheço como nerd. Sendo assim, busco na rede informações pertinentes a esta identidade. Nunca esbarro em sites de moda, música sertaneja ou quaisquer outras características de identidades diversas à minha (ou minhas identidades). Pouco provável é que uma pessoa que nada se interessa por gadgets venha a acessar sites como o Digital Drops. Não imagino alguém que não gosta de literatura e fotografia visualizando meu blog. O que quero dizer com isto é que a internet, apesar de democrática, não leva os diferentes grupos que a habitam ao contato. Posso passar anos e mais anos lendo somente o que me interessa, não preciso ver o outro, o diferente. Isso reduz os conflitos, o que é confortável e seguro. Mas também não pode ser considerado um avanço na convivência pacífica: já não há convivência. Os diferentes não têm que se encontrar, cada um fica no seu espaço. Não é nem mesmo tolerância, pois não se aceita aquilo de que não se gosta, apenas se ignora.

Deixando de lado esta crítica, quero abordar a falta de limites espaciais e temporais nas relações de identidade que passam pela internet. O que posto em meu blog em busca de eco pode ser lido e visto em todo o país, em todo o mundo, ao mesmo tempo, ou em tempos diversos. Quando busco informações sobre assuntos que me agradam tenho acesso ao que é produzido no mundo inteiro ao longo dos anos de existência da internet. O limite que existe, nesse caso, é minha incapacidade de compreender todas as línguas do mundo. O que não me impede a diversão em jogos online de sites franceses ou alemães, embora não domine estes idiomas, já que a linguagem iconográfica é vastamente empregada em sites. A nacionalidade, com suas barreiras territoriais, continua sendo um dos termos de minha identidade, mas minhas identidades de nerd, amante de literatura e fotografia, ultrapassam estes limites. Bauman fala sobre dois tipos de identidades, as de “vida e as de destino”, minha identidade nacional seria uma identidade de vida, as outras que citei, de destino. Bauman teve sua identidade de vida negada ao ser expulso da Polônia, fato que empurrou para o segundo tipo de identidade e que levantou o questionamento sobre o tema. Não tive minha identidade de vida negada, mas no mundo em que vivo, esta compartilha espaço com várias outras que são de destino. Como muitos de meu tempo, transito entre várias identidades, de forma fluida. Das identidades de destino que carrego algumas quebram a barreira espacial, me tornam pessoa do mundo, igual a quem quer que seja, de qualquer nacionalidade espalhada pelo globo terrestre. Para estas a internet é fundamental, pois me possibilita encontrar fotografias e o que for referente à literatura em qualquer lugar. Meu "também" foi globalizado.





Bruno Castro, 01 de março de 2009.


Imagem: DNA do Então Sebastião.

Faça o DNA de seu blog em http://www.aharef.info/static/htmlgraph/

Blogosfera e identidade Parte I


數位時代雙週刊108期 Blog Map, upload feito originalmente por vista.

Notas sobre blogosfera e identidade.


Há alguns dias surgiu para a mim a questão dos blogs e sua relação com identidade. Ocorreu durante uma conversa, via msn, e acabou descambando para outra questão, aquilo que Bauman chamou de relacionamentos líquidos. Misturamos no debate a valoração das relações virtuais, baseadas em avatares digitais de todos os tipos, até mesmo os de msn que usávamos naquele momento. Mas tudo estava saindo de maneira meio confusa, misturada, pelo menos é o que me parece agora. No final ficou aberta a pergunta sobre ser ou não boa a intermediação feita pelo mundo virtual.

Refletindo, tentei separar em partes o que debatemos, na forma que já esbocei acima. A separação me serviu para responder a pergunta, pois vejo valores diferentes nestas partes.

Escrevo aqui sobre a primeira das questões, blogosfera e identidade, mas com um tom axiológico.

A criação de blogs e perfis em comunidades virtuais passa pela busca de identidades, um também que possibilite ao indivíduo se definir e localizar socialmente. Características compartilhadas e que podem ser expostas democraticamente, desde que se tenha acesso à rede, sem imposição de limites ou controle, aparecem. Vale tudo, religião, esportes, até o que é considerado ilegal, imoral e ilegítimo encontram espaço na internet. As instituições, como o Estado, apesar das tentativas, não controlam as informações que atravessam a rede, de uma máquina para outra. A internet está nas mãos do povo, é o verdadeiro governo do povo. Talvez, entre todas as comunidades que usam a internet na busca de identidade, a dos nerds tenha sido a mais beneficiada.

Aquele que se expõe na internet o faz virtualmente, se quiser, pode se proteger no anonimato. Mas, mesmo que não seja dessa maneira, existe uma proteção dada pelo espaço que separa o mundo virtual do mundo palpável que chamamos de real. Assim, aqueles que poderiam ser de alguma forma perseguidos, não o são. Os tímidos têm seu lugar onde não precisam mostrar-se. As idéias circulam independentemente dos rostos que as propagam, são mais importantes do que os corpos, mesmo quando são referentes a estes. Não existe vergonha na internet. Gordinhos que na rua poderiam ser apontados como fora de forma (mas de que forma?), virtualmente podem ter seu público, encontrar seus iguais em idéias sem que dedos virem em suas direções, definindo-os com identidades impostas, muitas vezes pejorativas.

Não quero com isto dizer que estes dois universos, o “real” e o virtual, não têm contato. Pouco tempo atrás fui a um encontro de trocadores de figurinhas, colecionadores de álbuns. Todos ali se conheceram pela internet, através de um fórum. Era um evento “real” baseado em relações virtuais, no qual todos se identificavam pela paixão aos álbuns. Havia os mais experientes nestes eventos sociais que solicitamente ajudavam os calouros (eu). A experiência foi interessante, todos foram muito simpáticos e o contato virtual prévio realmente teve reflexos positivos. Em outra escala, a Campus Party faz a mesma coisa, une pessoas ligadas pelo mundo virtual. Lembro de um amigo que, ao assistir ao filme 300, presenciou uma flash mob. De repente, uma grande quantidade de pessoas gritou, ao mesmo tempo, quando o filme estava para começar “This is Sparta”.

Continua...



Bruno Castro, 01 de março de 2009.

Alegria


My Favorite Book Shop -2, upload feito originalmente por Lochaven.

Alegria de historiador é estranha mesmo. Passei um dia feliz no meio de fichas velhas, muitas, pra achar meia dúzia de possíveis imagens úteis.
Proveitoso?
Bastante.
O lugar era a Biblioteca Nacional. Impossível não gostar. Faz parte do ofício. Horas de procura, de ficha em ficha, em cada descrição, anotações e a cabeça quebrando para pensar em alguma palavra-chave que traga uma luz.
No caminho sempre esbarramos com coisas interessantes. Cheguei a um livro escrito no século XVII, só editado em 1903. Um elogio aos pernanbucanos, dedicado ao então rei de Portugal, Dom José I. O livro lista os atos de bravura de pernanbucanos e os ilustres de capitania. Muitos, tantos que não consegui achar quem eu procurava.