terça-feira, 3 de março de 2009

Blogosfera e identidade Parte II


DNA do entaosebastiao, upload feito originalmente por castro_bruno2000. Faça o DNA de blog em Webpages as Graphs
Voltemos à proteção dada pela rede àqueles que buscam identidade. Eu me reconheço como nerd. Sendo assim, busco na rede informações pertinentes a esta identidade. Nunca esbarro em sites de moda, música sertaneja ou quaisquer outras características de identidades diversas à minha (ou minhas identidades). Pouco provável é que uma pessoa que nada se interessa por gadgets venha a acessar sites como o Digital Drops. Não imagino alguém que não gosta de literatura e fotografia visualizando meu blog. O que quero dizer com isto é que a internet, apesar de democrática, não leva os diferentes grupos que a habitam ao contato. Posso passar anos e mais anos lendo somente o que me interessa, não preciso ver o outro, o diferente. Isso reduz os conflitos, o que é confortável e seguro. Mas também não pode ser considerado um avanço na convivência pacífica: já não há convivência. Os diferentes não têm que se encontrar, cada um fica no seu espaço. Não é nem mesmo tolerância, pois não se aceita aquilo de que não se gosta, apenas se ignora.

Deixando de lado esta crítica, quero abordar a falta de limites espaciais e temporais nas relações de identidade que passam pela internet. O que posto em meu blog em busca de eco pode ser lido e visto em todo o país, em todo o mundo, ao mesmo tempo, ou em tempos diversos. Quando busco informações sobre assuntos que me agradam tenho acesso ao que é produzido no mundo inteiro ao longo dos anos de existência da internet. O limite que existe, nesse caso, é minha incapacidade de compreender todas as línguas do mundo. O que não me impede a diversão em jogos online de sites franceses ou alemães, embora não domine estes idiomas, já que a linguagem iconográfica é vastamente empregada em sites. A nacionalidade, com suas barreiras territoriais, continua sendo um dos termos de minha identidade, mas minhas identidades de nerd, amante de literatura e fotografia, ultrapassam estes limites. Bauman fala sobre dois tipos de identidades, as de “vida e as de destino”, minha identidade nacional seria uma identidade de vida, as outras que citei, de destino. Bauman teve sua identidade de vida negada ao ser expulso da Polônia, fato que empurrou para o segundo tipo de identidade e que levantou o questionamento sobre o tema. Não tive minha identidade de vida negada, mas no mundo em que vivo, esta compartilha espaço com várias outras que são de destino. Como muitos de meu tempo, transito entre várias identidades, de forma fluida. Das identidades de destino que carrego algumas quebram a barreira espacial, me tornam pessoa do mundo, igual a quem quer que seja, de qualquer nacionalidade espalhada pelo globo terrestre. Para estas a internet é fundamental, pois me possibilita encontrar fotografias e o que for referente à literatura em qualquer lugar. Meu "também" foi globalizado.





Bruno Castro, 01 de março de 2009.


Imagem: DNA do Então Sebastião.

Faça o DNA de seu blog em http://www.aharef.info/static/htmlgraph/

Um comentário:

Unknown disse...

Muito interessantes os conceitos de identidade de vida e de destino. Fazem a gente pensar.
Só não estou segura de afirmar, como vc, “que a internet, apesar de democrática, não leva os diferentes grupos que a habitam ao contato”. Acho que ela até leva – pensemos no Orkut. Nas comunidades do Orkut. É comum vermos debates se travarem entre pessoas com posicionamentos antagônicos. Refiro-me aos casos em que as pessoas entram em uma comunidade com o propósito mesmo de se opor a ela e a seus membros. Nesse caso, foi um contato - entre diferentes - buscado por uma das partes – a opositora, na maioria dos casos que citei.
Mas é claro que as pessoas, de forma geral, buscam seus interesses e não estão nem aí para o que não lhes atrai. Nesse ponto, concordo quando você diz que não existe convivência nem exercício da tolerância com o diferente.