terça-feira, 19 de maio de 2009

Recomendações

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De repente me deparei com esta imagem. Os velhinhos cercados de paisagem e fones de ouvido. Imediatamente lembrei de um post que li a algum tempo no blog da Bia, baseado em texto de Rubem Alves. Era sobre escutar. Ou o ato de não escutar, fingindo escutar. Faço então minha referência à referência e recomendo a leitura.

Aproveitando a indicação de leitura acima, faço também jabá do blog Ondas de Poluição. Os textos me surpreenderam. A escritora tem pouca idade, mas isso não a impede de fazer bem poesia, assim como escreve em prosa. Vale conferir.

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Então, fechando as recomendações do dia, indico Othello, de Shakespeare, filmado por Orson Welles. Intriga de ótima qualidade, questionando os locais ocupados pelo teatro no mundo. As representações no cotidiano são pensadas por Shakespeare já no século XVI, fazendo do teatro uma prática comum fora dos palcos. Toda a história armada por Iago nada mais é do que isso, um teatro criado e representado no mundo real, de forma sorrateira, enganando pessoas e guiando ações. A mesma tensão está presente em Hamlet, quando nobres vão ao teatro assistir uma peça que, com a mentira da arte, diz a verdade sobre aquele mundo, enquanto na plateia as pessoas de berço encenam para encobrir a realidade.

De certo modo, Shakespeare está mais próximo de Matrix que Baudrillard (para quem os irmão Wachowski não entenderam nada sobre Simulacros e simulações), pois pensa em uma verdade que existe, contraposta a mentira.

O que fez Orson Welles?

Em tempos de poucos recursos cinematográficos, entendeu que filmar teatro dispensa apresentações comuns ao texto, principalmente os escritos antes da luz elétrica. Durante o século XVI as peças eram representadas durante o dia, aproveitando a luz do sol por questões óbvias. Qualquer passagem noturna precisava de narração que localizasse os personagens no tempo. Hoje parece claro que estas cenas devem ser descartadas em montagens cinematográficas de peças de teatro, mas não era quando o cinema estava mais jovem. Orson Welles entendeu bem a idéia de adaptação.

A união de um cineasta que acerta com uma boa história resultam em um filme excepcional. Assistam.

Um comentário:

Unknown disse...

Ótimo.
E eu recomendaria o exercício da escuta interessada, atenta e calma, de que fala Rubem Alves. Mas a leitura do texto é, sem dúvida, um bom começo.
Precisamos aprender a escutar o outro.